Certa vez, Isadora Duncan, precursora do Ballet moderno retirou as asas de borboleta que compunham seu figurino e afirmou que sabia como fazer uma borboleta com seu próprio corpo, sem necessidade de adereços. A impressão que causou sua performance foi tal, que acabou sendo ovacionada pelo público no meio da apresentação.
Em sua biografia, ela diz que no período inquietante que antecede a criação artística, a sensação é de ter borboletas voando no estômago. O artista sente que tem algo para acontecer, mas não sabe definir bem o que é.
"A beleza da arte não é feita de ornamentos, mas daquilo que flui da alma humana inspirada e do corpo que é seu símbolo..." (Isadora Duncan).
Seus movimentos, inspirados na força selvagem da natureza, eram como um mar em tempestade, o fluir das ondas, as curvas do vento. Sua fonte de inspiração, as danças rituais da Grécia, quando passou a dançar de pés descalços, vestindo coloridas túnicas de seda, causando escândalo na sociedade da época. Revolucionou ainda o repertório musical, utilizando então compositores como Chopin, até então considerado apenas para ouvir, e não para dançar.
Queria realçar a sensibilidade única de cada bailarino, sem perder de vista a técnica. Pesquisou então as origens da dança, as maneiras de expressão nas diferentes culturas do mundo - "Desde o início sempre dancei minha vida".
Pessoas únicas sofrem por ser diferentes. Com toda nossa tecnologia, é cada vez mais difícil ter uma sensibilidade única, em uma sociedade massificada e consumista. O diferente, seja ele quem for, ainda não é aceito, à margem do capitalismo selvagem.
Pessoas únicas como Isadora ousam, mas não passam despercebidas pela terra. Atrevo-me a dizer que estas pessoas nascem para chacoalhar e trazer um outro olhar sobre a vida. Resta saber, quantas pessoas diferentes não acabam se calando, para simplesmente serem aceitas...aceitas? Por quem mesmo?
Agir mais, olhar mais para o outro, aceitar mais. Precisamos de mais gente fina elegante e sincera, como diz a música de Lulu Santos.
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